Bosque e a cultura do simulacro (exposição em dupla com Guilherme Silva)
2022
Bosque e a cultura do simulacro
O bosque em D.Quixote de la Mancha é lugar de mistério, lamentações e alucinações. Espaço imagético onde as personagens trocam de papéis e revelam ter uma outra identidade, nova e incógnita. No fundo, este bosque descrito por Cervantes, é palco, é plateia, e é bastidor. Por muito que as personagens se escondam atrás de uma árvore ou de um pequeno aglomerado de pedras, neste bosque, tudo acaba por ser revelado, até o próprio espectador.
É através da simulação que se ergue a construção deste espaço imaginado, interpretado na forma de cenário que não deixa de ser um bosque, bem à maneira de Cervantes: lugar labiríntico que dá origem a fenómenos que acontecem por entre trilhos e clareiras deste aglomerado de árvores feitas de cartão e fotografias que representam literalmente aquilo que procuram representar: a ideia simbolicamente materializada.
Neste lugar misterioso, quase todos os fins de tarde e cair de noite são falsos. Neste lugar confuso, aquele que nada entende acerca de cavalgar, finge estar sentado, ter cavalo e ser cavaleiro. Neste lugar alucinado, as personagens procuram o burro que não existe, criam obsessões desnecessárias, morrem se o guião assim o disser e, com toda a calma e maturidade, no final de toda esta cena trágica e cómica, despem-se da sua figura e partem no primeiro autocarro que as levar novamente à vida real e mundana.
Cavalgada (vídeo exterior)
4’10’’ 2K, 16:9, cor, som
Intérprete:
Vitor Freitas
Som:
Fernando Fadigas
2022
Bosque de Cervantes (vídeo interior)
15’30’’ 2K, 16:9, cor, som
Intérprete:
Luis Elgris
Vitor Freitas
Som:
Fernando Fadigas
2022
Fotos: Nuno Rocha
Exposição: Bosque e o simulacro - ZOO, Caldas da Rainha