«...carne fraca é a representação de uma reflexão introspectiva sobre a indução e, porventura, a imposição, pelos inúmeros domínios em que se manifesta a cultura visual contemporânea, de uma condição pessoal efémera e liminar. Da proliferação e consumo massivos da imagem virtual emerge o questionamento das sucessivas transformações que contagiam o próprio eu real. Nesta reflexão circula e afirma-se a referência a pele, não como fronteira permeável entre o domínio do imaterial quando oposto ao palpável, mas enquanto invólucro e contentor – uma máscara, ou sequência de máscaras – deste eu que se interroga na progressão do consumo, ainda que consciente da sua própria regressão. Corpo esvaziado de que não restam mais que peles, em carne fraca encontra-se algo como um apelo melancólico mas não nostálgico, uma confissão sem resignação buscando a salvação. A carne será fraca, mas o espírito é forte, segundo S. Mateus. Composta por vídeos gerados digitalmente com base em esculturas em que a mão do autor é evidente e que são consumidos pelo espectador-consumidor aleatoriamente como por via de um algoritmo, por uma pele esvaziada como que presença incorpórea que se confessa, e por esse conjunto de esculturas materiais que, abandonando o pedestal, ocupam o chão do espaço expositivo enquanto objectos-adereços, a instalação expositiva transforma-se em ocorrência teatral, algo de tragédia e comédia, pleno de paradoxos, que, tal como uma catarse Aristotélica, implica resgate e redenção...»
(excerto de texto de Ricardo Escarduça - carne fraca)
carne fraca
Fotos: Bruno Lopes
Exposição - carne fraca - Travessa da Ermida, Lisboa
Curadoria: Ricardo Escarduça
carne fraca
instalação
(vídeo/ CGI)
6’10’’ 2K, 16:9, cor
(objeto)
latex, altifalante
30x25x20cm
2020
sem título (moedas)
bronze
13x (4x0.5cm)
2020
catálogo:
Link catálogo